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TIÃO CARREIRO & CARREIRINHO


" OS REIS DO PAGODE "
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José Dias Nunes, o Tião Carreiro, nasceu em 13 de dezembro de 1934, em Montes Claros, norte de Minas Gerais. Filho dos lavradores, seu pai Orcissio Dias Nunes e sua mãe Júlia Alves das Neves, tiveram 7 filhos, quatro homens, Gumercindo, Guilhermino, José Dias Nunes e Valdomiro e três mulheres, Ilda, Maria e Santina.
Neto de Ricardo e Maria por parte do pai e de José Alves e Porcidonia por parte da mãe.
O quarto a nascer de um total de sete filhos: - Gumercindo, Ilda, Guilhermino, José Dias, Maria, Santina e Valdomiro - exatamente nesta ordem. Até os 10 anos de idade morou no norte de Minas Gerais nas regiões de Montes Claros, Monte Azul, Pajeú, Rebentão e Catuti. Seu irmão, Guilhermino, morreu ainda menino vítima de um sarampo recolhido.
Tião Carreiro não teve na infância os brinquedos industrializados e caros que eram vistos nas mãos dos filhos dos coronéis de Monte Azul, na região de Montes Claros, no Vale do Jequitinhonha (MG), onde nasceu e passou os primeiros anos de vida. Mas desde cedo chamava a atenção nele a aptidão para inventar seus próprios brinquedos. Notadamente alguns que já permitiam vislumbrar toda a musicalidade adormecida em seu íntimo. Esticar o elástico reciclado do cano de botinas velhas ao longo de pedaços de madeira, e passar horas a fio tentando decifrar o som que produziam sob seus dedos, era um dos passatempos do mais célebre filho do casal de lavradores Orcissio Dias Nunes e Júlia Alves das Neves.
A seca e a falta de perspectivas no Vale do Jequitinhonha fizeram, porém, com que a família deixasse a região, a bordo de um caminhão pau-de-arara, quando Tião tinha apenas 10 anos, rumo a São Paulo. Tiveram de fazer antes uma parada forçada de três dias em Montes Claros, até que um juiz de menores autorizasse a viagem das crianças, que não tinham sequer certidões de nascimento. Em Paulópolis e Oriente, as primeiras escalas em São Paulo, ficaram pouco: devido à morte de seu Orcissio, mudaram-se logo para Flórida Paulista e depois para Valparaíso. Foi lá que Tião, aos 16 anos, decidiu trocar o cabo da enxada pelo braço da viola. Como tinha de ajudar no sustento da família, intercalava o novo ofício a outras funções, como a de garçom no restaurante de um hotel da cidade, onde ele costumava encantar a clientela dedilhando ao violão sambas e músicas populares da época. Após se apresentar no programa "Assim Canta o Sertão", de uma rádio local, engatilhou parceria com um amigo chamado Valdomiro, adotando o nome de Zezinho e Lenço Verde. Outra cidade fundamental para a formação musical e a vida de Tião foi Araçatuba. Foi lá que ele passou parte da juventude e conheceu Nair Avanço, durante as festas juninas de 1953, casando-se com ela 14 meses depois. O sucesso como artista, porém, só viria com força anos mais tarde ao lado de Pardinho, com quem formou a dupla que ficaria perpetuada como "Os Reis do Pagode".
Antonio Henrique de Lima, o Pardinho, nasceu em São Carlos, no interior do estado de São Paulo, em 14 de agosto de 1932. Com 14 anos, nessa mesma cidade passou o circo "Rapa-Rapa", com quem foi embora como ajudante de montagem do espetáculo, e a noite, o dono do circo permitia que ele cantasse algumas modas. Começou cantando com o nome de Miranda.
E foi no Circo "Rapa-Rapa" que conheceu Tião Carreiro, que na época usava o nome de Zé Mineiro, e por incentivo de Teddy Vieira, surgiu, no ano de 1954, a oportunidade de Zé Mineiro, ou melhor, José Dias Nunes ser transformado em Tião Carreiro, e ao lado de Pardinho formar uma das mais autênticas e lendárias duplas de todos os tempos, apesar dos encontros e desencontros e das idas e vindas. Ainda na década de 50 houve a primeira separação da dupla, onde Tião Carreiro formou dupla com Carreirinho, e Pardinho com Zé Carreiro. Mas a formação das novas duplas teve pouca duração, voltando em seguida aos antigos parceiros. 
Em 1959, na cidade de Maringá/PR, a dupla foi responsável pelo surgimento de um novo ritmo na história da música sertaneja. Tião Carreiro criou um ponteado diferente com a viola e Pardinho ao violão fazendo contra-tempo, que mostrado a Teddy Vieira foi dado o nome de "Pagode", uma mistura do recorte do catira (lento) com o recortado mineiro (mais expressivo).
Tião Carreiro e Pardinho estrearam em disco em novembro de 1956, um 78 rpm com as músicas "Boiadeiro Punho de Aço" e "Cavaleiros de Bom Jesus". No início, Tião adotava ainda o nome de Zé Mineiro, passando a seguir para João Carreiro. O batismo definitivo veio por sugestão de Teddy Vieira, então diretor da RCA Victor e parceiro de Tião em alguns dos principais sucessos da dupla. Antes de conhecer Antonio Henrique de Lima, o Pardinho, Tião já havia cantado usando os nomes de Zezinho, junto a Lenço Verde, e de Palmeirinha, primeiro com Coqueirinho e depois com Tietezinho. O novo nome caiu como luva também para a breve dobradinha formada entre Tião e Carreirinho, que registrou nove 78 rpm e um LP.
Violeiro intuitivo, Tião Carreiro jamais freqüentou escola de música. Foi autodidata também na escrita, ao ponto de criar letras com cheiro de terra e mato para várias músicas de seu vasto repertório. Não bastasse isso, também soube se cercar de poetas com "P" maiúsculo, do porte de Lourival dos Santos, Moacyr dos Santos - que, apesar do sobrenome comum, não tinham nenhum parentesco -, Dino Franco e do próprio Teddy Vieira.
Mas fosse qual fosse o nome que adotasse, o destino de Tião parecia mesmo estar traçado nos braços da viola. Sobretudo depois que ele criou o pagode caipira.
O novo ritmo surgiu em março de 1959, embora seu primeiro registro em disco tenha se dado no ano seguinte, com "Pagode em Brasília" (Teddy Vieira e Lourival dos Santos). Não desmerecendo os demais parceiros de Tião, sua segundona grave soava sob medida para a primeira voz refinada de Pardinho.
Tião com sua habilidade e destreza criou inúmeras introduções e arranjos ao pagode-de-viola, verdadeiras preciosidades. Mas Tião não parou por aí, desenvolvendo uma inconfundível batida, inovando com um estilo próprio. Na verdade Tião inventou uma forma original para os violeiros que cantam em dupla e usam como acompanhamento a viola e o violão. Na riqueza de ritmos e estilos Tião gravou moda de viola, cururu, cateretê, valseado, querumana e até tango.
E quando a música sertaneja se tornou mais urbana, ganhando outras influências, o violeiro se mostrou aberto a novas experiências e gravou guarânias, rasqueados e balanços. Ele nunca se preocupou com o gênero musical e sim com o que as pessoas queriam ouvir.
Tião também aprimorou o estilo de cantar em dupla. A segunda voz que é a mais grave era colocada com mais destaque do que a primeira. Estilo que depois foi seguido por várias duplas.
Tião Carreiro foi também um dos grandes responsáveis pela popularização da música sertaneja, tirando-a dos programas sertanejos das rádios nas madrugadas e colocando-a nos teatros, rodeios, exposições e no horário nobre da televisão.
Tião Carreiro se foi como os grandes mestres, antes da hora, vítima de complicações advindas da diabetes que lhe consumiu lentamente, sem compreender a dimensão e o alcance de seu trabalho. Porém conseguiu o que todo artista sonha – compôs com os melhores letristas, tocou seu instrumento como poucos e cantou como ninguém, era um músico completo. Honrou, sem dúvida a herança recebida de seu pai.
José Dias Nunes, Tião Carreiro, faleceu dia 15 de outubro de 1993, e foi sepultado no cemitério da Lapa em São Paulo/SP, onde foi construído um memorial em sua homenagem e que todos os dias de finados, inúmeros fãs se reúnem em volta do túmulo do artista e passam horas e horas cantando seu repertório e relembrando alguma passagem de sua carreira.
Gravou ao longo de sua carreira 27 discos 78 rpm, sendo 9 com Carreirinho e 18 com Pardinho, e 41 LPs, que foram remasterizados em 41 CDs (33 com Pardinho, um com Carreirinho, quatro com Paraíso, dois discos solo e um com Praiano), além de 15 compilações em LP lançadas entre uma e outra gravações originais, compactos simples e duplos.
Entre seus grandes sucessos destacamos: Pagode em Brasília, Amargurado, Chora Viola, Rei do Gado, Boi Soberano, Estrela de Ouro, Raízes do Amor, Preto Velho, Navalha na Carne, Encantos da Natureza, Rancho do Vale, Rio de Lágrimas, entre outros.
Tião Carreiro durante uma pausa na parceria com Pardinho, formou dupla com Paraíso, com quem gravou 4 LPs, e Pardinho formou dupla com Pardal, com quem gravou 6 LPs. Depois de quatro anos separados, Tião Carreiro e Pardinho retomaram a carreira. Pardinho depois que desfez a dupla com Tião Carreiro, se uniu a João Mulato, com quem gravou 4 discos.
Pardinho faleceu na cidade de Sorocaba/SP, em 01 de junho de 2001.
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